terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

POR "DIFERENCIAL" CLUBE DA A2 PAULISTÃO ENSINA INGLÊS AOS ATLETAS

Fim de treino no Audax. Cansados, os garotos do clube tomam banho, trocam de roupa e já se preparam para a jornada dupla de treinamentos no dia. Desta vez, no entanto, chuteiras e caneleiras ficam no alojamento. Com livro, papel e caneta em mãos, os jogadores cruzam o gramado do centro de treinamento e rumam para a sala de aula. Ali, o futebol pouco importa: o que vale é o inglês afiado, na ponta da língua. 
Graças à parceria firmada com uma escola de idiomas, uma vez por semana os atletas de todas as categorias têm direito a aulas de inglês gratuitas nas dependências do clube. A participação não é obrigatória, mas muito estimulada pela diretoria em palestras dirigidas aos mais jovens. Com o intuito de formar jogadores para grandes clubes do Brasil e do mundo, o Audax vê no inglês um diferencial para chamar atenção. E já colhe os primeiros frutos da iniciativa tomada em 2007.
Com o cognitivo desenvolvido, tenho melhores atletas no campo e na vida. Todos frequentam ensino regular, mas o inglês é um diferencial: seja para chegar a um clube do exterior ou para outras profissões. Fomos campeões de uma competição de base e o nosso capitão fez o pronunciamento em inglês. Agradeceu a oportunidade de estar ali em inglês, em frente ao estádio lotado – comemora Thiago Scuro, gerente geral do Audax. As primeiras aulas não foram fáceis. Como no início a participação era obrigatória, os jogadores que não estavam interessados acabavam dificultando o andamento do curso. Por isso, os conselhos dados pelos jogadores mais experientes do profissional são importantes.
Depois de sete anos atuando no PSG, da França, o lateral-direito Paulo César – ex-Fluminense, Flamengo e Santos – admite não saber nada de inglês. Desde o início do ano, “arranha” o francês nos esburacados gramados da Série A2 do Paulistão. Apesar de não frequentar as aulas, manda um recado aos futuros talentos do Audax.
– Quem me dera que aos 15 anos um clube tivesse me proporcionado isso. No começo, ou você estudava ou jogava bola. Eu optei pelo futebol para ajudar minha família.

Aula descontraída e “zoação”
O próprio professor admite: a sala de aula estava mais cheia que o habitual para receber a reportagem do GLOBOESPORTE.COM. Pela rotina agitada de viagens e treinos, não é toda semana que os jogadores do Audax conseguem dar as caras no curso. Ainda assim, a maioria leva a sério a oportunidade de aprender inglês antes de deixar o país para jogar no exterior. Douglas, professor do clube desde o início da parceria, nota algumas mudanças.
– Já percebi evolução. Eles mostram que estão estudando. Os jogadores hoje têm outra visão da importância de falar inglês.
Tiago, atacante do sub-17, e Danilo, volante do time sub-20, são os destaques da turma. Começaram as aulas por incentivo dos pais e já conseguem até “se virar” no inglês – livres da “zoação” dos colegas.
O clima da aula é descontraído, e uma resposta errada para as perguntas do professor já vira motivo de piada entre os parceiros. Alguns até hesitam em responder com medo da reação dos colegas. Outros admitem que as aulas são "meio chatas", mas sabem que serão importantes na carreira de jogador.
O zagueiro Thiago Martinelli, ex-Cruzeiro e Vasco, é um dos poucos jogadores do profissional a frequentar as aulas do professor Douglas. Atento, prestou atenção durante os 40 minutos de aula. Após duas temporadas no futebol japonês, comunicando-se somente com um tradutor, ele sabe da importância do inglês no mundo do futebol. No Audax, Thiago aproveita a chance de aprender aos 32 anos de idade. E, assim como os vários garotos da base, estuda hoje para garantir o amanhã – seja no futebol ou fora dele.
– Queria aprender inglês e sei que vou sair do curso sabendo alguma coisa a mais. Nunca é tarde para aprender. É importante não só para o esporte, ninguém sabe o dia de amanhã.

Por Daniel Romeu e Sergio GandolphiSão Paulo


0 comentários:

Postar um comentário