quarta-feira, 4 de setembro de 2013

POR ÉLCIO DIAS: HISTÓRIAS QUE EU VIVI...CARIMBO NUNCA MAIS!!!

Carimbó nunca mais


Nos anos de 1976 a 1978, a cidade de Miranorte vivia um grande momento no futebol, com um time de garotos chamado “Bahia”. Eram muitas competições envolvendo equipes tradicionais como Paraíso, Miracema, Gurupí e Araguaina. O que mais chamava a atenção, é que esses garotos sempre enfrentavam equipes de jogadores adultos e acabavam vencendo. E a fama foi se espalhando pela região.
Certa vez um grande desportista de nome José Alvino, do longínquo município de Lizarda, nos convidou para abrilhantar os festejos da cidade com uma partida de futebol. Naquele tempo as estradas pelo então norte goiano, era como fantasma. A gente ouvia falar, mas não existiam.
Nós saímos de Miranorte num sábado à tarde para jogar no domingo. Éramos 14 garotos em uma caminhonete da prefeitura. A viagem até a cidade de Rio Sono foi normal com estrada cascalhada e tudo. Só que na beira do rio veio a primeira dificuldade. A balsa que era ligada a um cabo de aço, só atravessava durante o dia. Aí o jeito foi esperar o amigo sol aparecer. Dia novo, tarefa cumprida, sem tomar café seguimos viagem e logo as coisas se complicaram. Um verdadeiro deserto apareceu na nossa frente o areal mais parecia as dunas do jalapão do que uma estrada. Nosso transporte ficava mais atolado de que andando e, o dia foi passando na base do desce para empurrar, sobe para viajar.
Depois de muita areia na cara, enfim chegamos faltando uma hora para o jogo. Estávamos caindo de fome mas não tínhamos tempo para comer. Fizemos um breve lanche e fomos para o jogo. Toda a população estava no campo, fazendo uma grande festa. Aos trancos e barrancos nossa equipe conseguiu arrancar um empate em dois a dois. Após a partida os Lizardenses, muito hospitaleiros, resolveram fazer um baile para nós. Nos reunimos em um salão para a festa. O som era de uma “radiola”. Daquelas em que a caixa de som era a própria tampa do aparelho. As músicas do auge era o carimbó estrelado pelo artista paraense Pinduca. O som rolando, cervejas geladas, todo mundo na maior animação com a presença das meninas, tudo como boleiro gosta. Só que as personagens principais da festa, as candidatas à rainha do festejo, foram logo tratando de aumentar o único quesito para a eleição. Que se resumia na maior quantidade de dinheiro arrecadado.
A brincadeira era simples, cada vez que elas dançavam com alguém, a pessoa tinha que pagar. O problema foi que ninguém da nossa turma sabia dessa tradição local. Como em toda equipe tem “uns caras” metidos a galã, nossos bonitões; Índio, Pereira, Almeida e Zé Ribeiro, caíram na folia e as meninas só anotando as danças. Lá pelas tantas da madrugada, as candidatas resolveram passar a régua e fechar a conta. Quando os "pés-de-valsa" ficaram sabendo que deviam mais de 30 mangos, cada um, foi um Deus nos acuda. Pois dos quatro, apenas o Zé Ribeiro trabalhava e tinha seu rico dinheirinho. O jeito, então, foi assumir a dívida por livre e espontânea pressão.
Fim de festa, volta pra casa, com direito a quebra do transporte em Pedro Afonso, fome e tudo mais. Mas ninguém voltava tão contrariado quanto nosso amigo pagador de contas. Pois ele sabia que daquela grana supostamente emprestada ele não teria muito sucesso com um possível retorno ao seu bolso. O tempo passou e eu só não fiquei sabendo, se alguém chegou a pagar o empréstimo. Mas dizem que até hoje nosso amigo não vai a festejo pra não ver candidatas a rainha. E se quiser comprar uma briga é só rodar uma música de carimbó perto dele.
Mas depois de algumas décadas, com certeza essa história deve servir para boas gargalhadas quando esses amigos se encontram. Afinal são essas e outras que fazem a vida ser um poço de boas recordações...
fonte Blog Elcio Dias.

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