Goianos estavam a um gol da classificação quando partida  foi encerrada e acusam Itumbiara de dar incentivo financeiro ao seu  adversário
                                                                                       Por Daniel Mundim                                                                                        Goiânia                                                       
       
 
                                                                                           “Eu sei que o nosso presidente está mandando dinheiro para o  Tocantinópolis”. A declaração é do técnico do Itumbiara-GO, Vítor Hugo, à  Rádio Globo de Juiz de Fora, antes da partida contra o Tupi-MG,  realizada nesse domingo, pelo Grupo A5 da Série D.   Inicialmente, seria um caso a mais de mala branca no futebol  brasileiro, já que, se fosse derrotado, o Itumbiara dependeria dos  esforços do Tocantinópolis contra a Anapolina-GO, no estádio Jonas  Duarte, em Anápolis. O Grupo A5 chegou à última rodada com três times na  briga: Itumbiara (13 pontos), Tupi (11) e Anapolina (dez). No entanto, o  caso ganhou contornos nebulosos.
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O Itumbiara, que precisava apenas de um empate, foi derrotado (1 a 0) e  ultrapassado pelo Tupi. Ainda assim, só perderia a vaga se a Anapolina  ganhasse por quatro gols de diferença do Tocantinópolis. O placar  apontava 4 a 1 quando o jogo terminou precocemente, já que o time  tocantinense ficou com seis jogadores, um a menos do que limite  permitido pelas regras do futebol. Foram três expulsões e duas lesões -  além de três substituições, impedindo que algum jogador ocupasse a vaga  de um dos machucados.
No intervalo do jogo em Anápolis, os donos da casa venciam por 2 a 1 e  atuavam com dois jogadores a mais - Evaldo e Gustavo foram expulsos. Em  Juiz de Fora, o Tupi já batia o Itumbiara por 1 a 0.
Foi no segundo tempo que se deu a sequência de confusões, sobretudo  depois que a Anapolina aumentou o placar para 3 a 1 e o Tocantinópolis  teve mais um jogador expulso (China). O goleiro do time visitante,  Santos, caiu em campo alegando torção no tornozelo. O reserva Régis, que  se preparava para entrar em campo, deu a entender que simularia uma  lesão:
                                                                                           - Se for pra melar a coisa, nós vamos melar também - declarou Régis à Rádio São Francisco, de Anápolis 
(confira no áudio ao lado).
- E você vai cair? - perguntou o repórter.
- Não sei, não. Depende - respondeu o goleiro.
Régis garantiu minutos preciosos para o Tocantinópolis ao entrar em  campo sem uma das luvas e retornar para pegá-la. Mas não simulou lesão. E  aos 35 minutos do segundo tempo sofreu o quarto gol da Anapolina, que  ficou a apenas um da classificação. Na sequência, Pedro Panca saiu  alegando contusão, deixando o Tocantinópolis com sete jogadores - limite  mínimo permitido pela regra do futebol.
Jogadores e dirigentes da Anapolina se revoltaram com o que julgaram  ser um cai-cai e iniciaram uma confusão. Reiniciada a partida, o árbitro  deu 21 minutos de acréscimo, durante os quais a Anapolina perdeu gols e  o Tocantinópolis teve jogadores indo ao chão mas retornando à partida.  Até que Gil Bala caiu no gramado, foi tirado de campo em uma maca e  encaminhado a um hospital de Anápolis. Com seis jogadores no  Tocantinópolis, o árbitro Rafael Odílio encerrou a partida.
  Anapolina vai ao STJD
O presidente da Anapolina, Leandro Ribeiro, avisou que já encaminhou um  pedido ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para anular o  resultado da partida, requisitando a desclassificação do Itumbiara.
- O Tocantinópolis voltou totalmente diferente para o segundo tempo,  provocando o árbitro e simulando contusões. Um jogador teve que ser  levado ao hospital, mas temos o laudo do hospital informando que não  consta nenhum problema nele. É uma vergonha a atitude do Tocantinópolis,  que viaja mais de mil quilômetros de ônibus para vir aqui e prejudicar  uma equipe que quer renascer para o futebol do Brasil - declarou.
O dirigente encaminhou ao STJD as gravações das entrevistas do goleiro Régis e do técnico do Itumbiara 
(confira no áudio acima)  para reforçar sua argumentação. Ele ressaltou que os atletas da  Anapolina continuarão treinando, confiantes na decisão favorável à  equipe alvirrubra para seguir na Série D.
- Acho que tinha que dar uma moralizada no futebol. O que eles fizeram  aqui, me desculpe o termo, é uma verdadeira palhaçada, pois o torcedor  paga o seu ingresso e é enganado da forma que foi. Vamos aguardar uma  liminar, até porque a Anapolina vai continuar treinando. Tínhamos a  certeza que iríamos estar na próxima fase, e não vamos deixar isso  passar - garantiu.
O meia Dio (Anapolina) mostra revolta no jogo contra o Tocantinópolis (Foto: Mantovani Fernandes/O Popular)
O GLOBOESPORTE.COM tentou o contato com o presidente de honra do  Itumbiara e prefeito da cidade de mesmo nome, Zé Gomes, mas não obteve  sucesso. O presidente executivo do clube, Roberval Murtosa, preferiu não  comentar o assunto.
- Não gostaria de falar nada sobre esse caso. Não sei se o Vítor Hugo  tem autoridade para falar sobre isso. Desconheço as denúncias da  Anapolina, e só quero falar sobre o próximo jogo do Itumbiara -  declarou.
O Grupo A5 da Série D terminou com o Tupi-MG na liderança, com 14  pontos, o Itumbiara em segundo, com 13, e a Anapolina em terceiro,  também com 13 pontos, mas um gol a menos de saldo. A menos que haja uma  intervenção do STJD, nas oitavas de final o Itumbiara encara o Villa  Nova-MG.
Na semana passada, o Itumbiara participou de outro caso polêmico. Na  rodada final da Segunda Divisão do Campeonato Goiano, o time venceu o  Anápolis por 8 a 1 fora de casa, marcando mais gols do que havia  conseguido em toda a fase final e conseguindo a classificação para a  elite. O Itumbiara ficou com a mesma pontuação do Mineiros, time com o  qual disputava a vaga, mas levou vantagem no saldo de gols.